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Publicado em 29 de janeiro de 2025
Revista PEGN

Engana-se quem acredita que um negócio tem maior chance de sucesso só em grandes centros. Existem muitas vantagens de empreender em cidades pequenas. Uma delas está ligada ao potencial de consumo da população de municípios menores. A pesquisa IPC Maps 2024, realizada pela consultoria IPC Marketing, revelou que, apesar de ele ter diminuído em relação ao ano anterior para 54,75% de participação, a quantidade de empresas subiu 9,2% no interior, ao passo que esse número foi de 7% nas capitais e regiões metropolitanas.

De certa forma, isso dá pistas do potencial de consumo e aponta um cenário de oportunidades para novos empreendimentos. Além de aproveitar o momento favorável, é interessante observar que ao abrir um negócio em municípios menores, o empreendedor pode se valer de alguns benefícios, segundo o Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae):

Menor investimento inicial se comparado a cidades maiores

Menor competição e consequentemente mais facilidade para conquistar e fidelizar clientes

Maior probabilidade de haver vários setores ainda inexplorados

Para avaliar com que tipo de negócio atuar, considere algumas reflexões. Pense no que a população precisa buscar em cidades vizinhas e levante novidades que estão disponíveis nos grandes centros que fariam sentido naquele lugar.

O próximo passo é analisar a cidade em si: “A escolha do negócio para pequenos municípios passa pela vocação econômica do próprio local. Em relação a pequenos centros é importante considerar ideias que possam driblar a concorrência tradicional – empresas familiares consolidadas há anos –, problemas de logística devido à falta de infraestrutura; e menor escala de distribuição, como no caso de mercearias, salões de beleza, bares e lojas de moda”, pondera Charles de Souza e Silva, coordenador da rede de relacionamento do Sebrae.

Outros pontos importantes para considerar antes de empreender em uma cidade pequena:

Pesquisar o público-alvo, suas dores, e fazer um plano de negócio: “Isso é importante para municípios de todos os portes. Nos menores, é ainda mais essencial entender se há demandas reprimidas ou alguma necessidade que pode ser uma oportunidade. Não custa lembrar que um dos principais fatores para a mortalidade de empresas, além das questões financeiras, é a falta de adaptação delas ao mercado”, explica Eduardo Brach, diretor de pequenas e médias empresas da Serasa Experian.

Mirar na gestão financeira saudável: Brach explica que um negócio em um município pequeno precisa de planejamento focado porque, muitas vezes, o empreendedor estima o potencial do mercado de forma otimista e constrói um plano de negócio que só funciona no papel. “É importante avaliar o investimento inicial, precificação, fluxo de caixa e toda a gestão de maneira rigorosa”, ensina.

Mergulhar nas características da cidade: existem detalhes que podem ser decisivos na hora de empreender. Um exemplo é observar se a cidade, apesar de pequena, possui população flutuante: “Esse caso não é raro porque vários municípios menores são pontos turísticos que recebem visitantes e se tornam centros sazonais”, lembra Silva. O coordenador do Sebrae destaca que essas pessoas têm poder aquisitivo maior e desejam vivenciar experiências especiais. “Elas demandam serviços específicos em restaurantes, pousadas, salões de beleza e em passeios turísticos”, afirma.

Fazer o simples e comum bem-feito: em municípios que não têm apelo turístico deve-se levar em conta as soluções que a população local precisa, como lojas de conserto de celulares, de material de construção, lava-rápido e restaurantes, entre outras. “O importante é oferecer vantagens competitivas para se diferenciar das empresas tradicionais”, sugere Silva.

O que é ruptura de estoque e como evitá-la

Os especialistas Charles de Souza e Silva, do Sebrae, e Eduardo Brach, da Serasa Experian, dão ideias de negócios para cidades pequenas:

1. Alimentação saudável

É uma demanda geral e não passa despercebida em centros menores. Marmitas fit ou de baixas calorias, pratos para quem tem restrição alimentar (diabéticos, hipertensos, intolerantes a glúten e a lactose), saladas; sucos e smoothies são algumas opções para produzir e vender em pontos físicos ou só para entrega em domicílio.

2. E-commerce

Mesmo em uma cidade pequena, que tem custos menores para manter um ponto físico e funcionários, o comércio online pode ser uma alternativa interessante. Além de ter muito claro quais itens ou serviços quer vender e para quem, o pulo-do-gato é fazer um bom marketing digital. Há bons cursos bastante acessíveis que podem ajudar o empreendedor nisso. Para escolher o ramo de atividade, vale o de sempre: pesquisa de mercado, estudo do público-alvo e checar segmentos que não são bem atendidos na localidade. Exemplo: produtos hospitalares; produtos para pets; ingredientes culinários diferenciados...

3. Mercado pet

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) e do Instituto Pet Brasil (IPB), o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de faturamento nesse segmento, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Isso mostra o potencial que negócios ligados aos animais tem, inclusive em cidades pequenas. Trabalhar com pet shop, banho e tosa; alimentação natural; pet sitter (serviço de companhia e cuidados para pets) e seguro saúde para bichos podem ser boas ideias.

4. Negócios digitais

Essa é uma área bastante abrangente e que oferece muitas possibilidades. Dá para aproveitar sua formação, por exemplo, e criar cursos online ou trabalhar com marketing de conteúdo para comerciantes locais. É possível oferecer serviços de provedor de internet. E dá para criar negócios, como clubes de assinaturas – de livros, vinhos, cervejas especiais, guloseimas, produtos de beleza, de alimentação saudável – sempre pensando em produtos e marcas que dificilmente são encontrados na cidade. Vale destacar que esses serviços podem atender outros municípios também.

5. Produtos e serviços focados em sustentabilidade ou economia circular

Brechós, hortas orgânicas, comércio de painéis de energia solar e pequenas usinas de reciclagem são algumas alternativas para levar o conceito e o hábito de uma vida mais sustentável para centros menores. Muitas vezes não existe adesão porque ainda não existe esse tipo de negócio.

6. Serviços tradicionais que toda cidade pequena precisa

“Loja de conserto de eletrônicos, mercearias, mecânicas especializadas nas marcas mais comuns na localidade são alguns exemplos de negócios necessários em todo município. No entanto, é preciso se diferenciar com soluções inovadoras ao mesclar o tradicional com conceitos de vanguarda. Uma barbearia pode oferecer serviços de spa – massagens, produtos específicos etc –; padarias podem ter uma seção de itens para quem apresenta restrição alimentar; food trucks podem oferecer molhos e acompanhamentos diferentes para os lanches”, sugere Silva.

7. Serviços para atender à população flutuante

Para cidades pequenas que recebem turistas é interessante considerar aqueles que possibilitam experiências agradáveis e atraentes. “Pousadas que facilitam o acesso de seus hóspedes a passeios para visitar pontos históricos e belezas naturais; restaurantes que oferecem cardápio explorando a cultura e os sabores locais; empresas de souvenir que comercializam produtos artesanais são ideias que têm potencial”, aponta o coordenador do Sebrae.

Em um centro menor, onde é mais frequente conhecer várias pessoas, é possível tirar vantagem disso: como em qualquer negócio, cultivar relacionamentos é fundamental. Estar aberto (e provocar) feedbacks, oferecer atendimento atencioso e gentil, além de trazer o consumidor para perto são um bom caminho para conquistar e fidelizar clientes.

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